Aproxima-se o final do ano lectivo e é hora de reflectir sobre quem são
os alunos de hoje, de que forma entendem a escola, de que forma trabalham e
procuram aprender, o que os motiva, e que atitudes nós (família, amigos,
escola, sociedade) temos que contribuem para a educação das nossas crianças e
dos nossos jovens.
Falemos sobre quem são as crianças de hoje e os alunos mais frequentes
nas nossas escolas. P
odemos falar de alunos estáveis, instáveis, de inibidos e
internalizados ou externalizados, bem como de alunos motivados, desmotivados e
dependentes…
Os alunos estáveis e motivados são alunos que demonstram gosto e
interesse pela aprendizagem, adaptando-se com facilidade a qualquer tipo de actividade.
São perfeccionistas, bem-dispostos e com perfil de liderança. Adaptam-se com
facilidade a aulas expositivas, interactivas ou mesmo em aulas em que lhe é atribuída
maior liberdade e responsabilidade no processo de aprendizagem. São alunos com
capacidade para se automotivarem e que apresentam bom desempenho escolar.
Os alunos motivados mas internalizados e inibidos, são alunos que
gostam de passar discretos, não perturbam nem participam na aula. Lidam bem com
aulas de carácter expositivo e tendem a ter resultados medianos/suficientes.
São crianças ou jovens com características de timidez e depressão.
Os alunos desmotivados, internalizados e inibidos também são alunos com
características de timidez e depressão, que gostam de passar discretos, não
participam nem perturbam a aula, e que preferem aulas de carácter expositivo. Ao
nível dos resultados escolares tendem a apresentar resultados baixos a
suficientes para passar de ano.
Os alunos instáveis revelam oscilações ao nível do seu desempenho tendo
em conta que nem sempre estão atentos nas aulas e a sua motivação varia em
função do professor, matéria, ou mesmo devido a situações externas à escola. Estes
alunos preferem aulas interactivas e reagem mal a métodos de ensino monótonos.
Têm dificuldade em lidar com as regras e ao nível do comportamento tendem a ser
agitados e a manifestar grande labilidade emocional.
Os alunos externalizados preferem sentar-se no fundo da sala e ter actividades
mais dinâmicas ou desportivas, reagindo negativamente perante as aulas
expositivas. A principal diferença entre os instáveis e os externalizados
relaciona-se com a forma como lidam com os conflitos, sendo que os instáveis
tendem a ficar tristes ou magoados perante uma situação de conflito, enquanto
os externalizados tendem a passar ao ato.
Os alunos dependentes revelam falta de iniciativa e vontade própria necessitando
de um volume de ajuda e incentivo maior que o esperado, mas reagem
positivamente a esse apoio.
Os sentimentos pessoais e os comportamentos que se manifestam na escola
e perante a escola são fundamentais na determinação do sucesso ou insucesso
educativo. Neste sentido, é preocupante o aumento dos alunos desmotivados, que não
revelam iniciativa, capacidade de automotivação e que apresentam alguma
dificuldade em reagir positivamente às estratégias de ensino. São alunos que
não valorizam a escola, os professores/educadores, e que apresentam alguma
resistência à escola pois consideram que “não vale a pena”, “não tem
importância”, “não serve para nada”. São alunos que vão passando “à rasca” ou
mesmo com algumas a várias retenções e que revelam não ter objectivos nem
interesses claros.
Importa perceber que nós temos vindo a desvalorizar o papel do
professor e da escola deixando os jovens sem rumo. Ao lhes retirarmos a
confiança no sistema de ensino, retiramos a confiança no seu futuro, na crença
de que o seu trabalho dará frutos, na crença de que vale a pena o esforço, o
empenho e que vale a pena tentar melhorar.
Será que ainda podemos devolver um sentido à vida destes jovens?
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