segunda-feira, 6 de julho de 2015

Depressão: a dor que nos deixa sós


"A mais terrível pobreza é a solidão e o sentimento de não ser amado."
Madre Teresa


Os sintomas da depressão interferem drasticamente com a qualidade de vida e estão associados a altos custos sociais, desde as relações mais próximas até à relação com a própria sociedade. Aqui centrar-nos-emos sobre a influência da depressão nas relações íntimas.
Quando os sintomas da depressão se intalam, a pessoa tende a centrar-se em crenças negativas (mesmo que inadequadas, inúteis e nada razoáveis) e a rotularem-se de forma negativa, tendo um forte sentimento de inutilidade ou de culpa; apresentam uma diminuição no interesse em realizar as atividades do dia a dia; maior cansaço, menor capacidade de tomar a iniciativa e dificuldade e manter a sua concentração. Neste sentido, a depressão tende a minar o autoconceito da própria pessoa, a forma como se relaciona com os outros e o seu dia a dia, as suas rotinas e a forma como executa (ou não) as suas tarefas profissionais, familiares, pessoais...
Os sintomas depressivos interferem negativamente com as vivências relacionais da pessoa com depressão, levando-a a entrar num ciclo em espiral de auto-desvalorização, culpabilização e isolamento. A pessoa deprimida parece ter necessidade de algum tempo para estar só, para pensar, para se organizar... mas acaba por entrar num ciclo de afastamento de quem a rodeia, afastando aqueles que a podiam ajudar...
Amar alguém com sintomas de depressão implica um desafio diário de ler nas entrelinhas do discurso de quem diz "vai-te embora", quando quer dizer "não desistas de mim!". De quem diz que já não te ama, quando quer na verdade sente que não é suficientemente boa/bom para ti e ao mesmo tempo deseja desesperadamente que continues ali, para sempre! É viver num relacionamento paradoxal em que o amor é questionado, em que o "estar" é condicionado, em que o afeto nunca parece suficiente ou correto... em que por mais que se esteja, e se tente, sentimos que não sabemos, não acertamos e não somos capazes.
Deveremos então desistir? Até quando vale a pena?
"As pessoas mais difíceis de serem amadas são as que mais precisam de amor."... e não precisamos todos?!